domingo, 15 de fevereiro de 2009

Vai doer no bolso

Alto número de infrações no trânsito leva governo a pensar em medidas mais rígidas


Quem nunca cometeu alguma infração no trânsito? Ultrapassar o farol vermelho, estacionar em lugares proibidos e até mesmo outras infrações menos óbvias são situações comuns. Especialmente quando se fala de uma metrópole tão agitada quanto São Paulo, cujo número de carros sufoca suas ruas. O barulho é infernal e o congestionamento nem se fala. Por esses e outros motivos muitos acabam cometendo irregularidades.

O estresse e o cansaço muitas vezes servem como desculpa pelas infrações. Fatos até justificáveis. Todos querem chegar em casa cedo, depois de exaustivas horas de trabalho, assim como ninguém quer passar horas parado no congestionamento trancado em um automóvel. No entanto, as desculpas não são justificáveis para órgãos como CET e SPTrans, Detran e Contran, entre outros. Cada vez mais os motoristas parecem esquecer aquelas aulinhas de CFC (Centro de Formação de Condutores) pelas quais se espera que todos tenham passado. Mas somente quando a multa chega é que todos se lembram. Principalmente daquela aula em que se aprendem as categorias divididas entre infrações leves, médias, graves e gravíssimas.

Além da multa, que varia de acordo com a gravidade da infração, o condutor do veículo corre o risco de ter o direito de dirigir suspenso, o veículo apreendido, a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) cassada e ser obrigado a freqüentar o curso de reciclagem. Este consiste em fazer todas as aulas de CFC e direção novamente. Aos desinformados, conforme o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), as infrações do gênero gravíssimo significam sete pontos na carteira; as graves representam cinco; as médias, quatro e as leves, três. Para os que já cometeram alguns escorregões é possível verificar a situação no site da CET. Para Alexandre Marinho, 23, “dar umas deslizadas de vez em quando não tem problema. Todo mundo faz isso”. “Eu mesma já levei várias multas, tenho consciência de que estou errada e estou tentando melhor. O problema mesmo é quando estou com pressa”, diz Fernanda Morbach Magalhães, 37.

Segundo informações do Detran, as principais infrações cometidas são o excesso de velocidade e o desrespeito à sinalização, que deixa muito a desejar em verdade. Segundo uma pesquisa realizada em 2006, a cada ano são cometidas 30 bilhões de infrações somente em São Paulo. Em cada rua movimentada da cidade ocorrem pelo menos quatro infrações por minuto. São estes números os principais responsáveis pelas causas de acidentes no trânsito. Para Horácio Figueira, coordenador da pesquisa, “é preferível você levar uma multa por excesso de velocidade do que perder a vida ou causar a perda da vida de uma outra pessoa”.

Por esse motivo o governo tem se mostrado preocupado e, além da iniciativa já tomada conhecida como Lei Seca, prevê como solução outras medidas mais rígidas, como o aumento do valor das multas. Transportar crianças sem seguir as normas de segurança, considerada uma infração gravíssima, pode passar para R$ 325,01. No caso de embriaguez, a multa é multiplicada por cinco, podendo atingir R$ 1.575. Para os motociclistas não será mais possível passar entre as duas faixas. Essas são apenas algumas das medidas que ainda estão sendo estudadas, mas que, se entrarem em vigor, deverão exigir uma mudança na mentalidade dos cidadãos paulistanos, acostumados a ficar sempre impunes. Isso, é claro, se a fiscalização for eficiente.

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