domingo, 15 de fevereiro de 2009

Caso Dantas e o Espaço Público

No início do mês de julho deste ano, o Brasil assistiu passivamente a um acontecimento histórico. Após muitos anos de corrupção o banqueiro Daniel Dantas foi surpreendido em sua casa com um mandado de prisão da Polícia Federal. O acontecimento fez parte da seqüência de prisões, dentre elas a do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e também do investigador Naji Nahas, entre outros 20 membros do Opportunity, que também estavam relacionadas com a prisão do banqueiro. A exemplar atitude do delegado Protógenes Queiroz deveria incentivar a sociedade a lutar contra a corrupção, enquanto que a atitude vergonhosa do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes deveria causar revolta. Há uma nova esperança para o país e a população não deve e não pode assistir de braços cruzados através da telinha limitada da televisão. Nem todos os dados e todas as verdades foram veiculados na mídia durante este período de denúncias e escândalos. As emissoras manipularam as informações de acordo com seus interesses, invariavelmente elitistas. Enquanto isso o assunto principal do boca a boca continua sendo a novela das oito.

O emaranhado de corrupções finalmente veio à tona, mostrando que o problema é muito maior do que se imaginava. Há pessoas de diversos setores envolvidas, causando uma teia que abrange e atinge grande parte dos interesses políticos e financeiros, inclusive os das emissoras. Algumas notícias, porém, a mídia não pôde deixar de divulgar e por motivo simples: não há como esconder o escândalo. As chances de mudanças, portanto, são muito mais propícias. O espaço público brasileiro hoje é pautado principalmente pela televisão. Isto é, o que se assiste nela é o que está sendo discutido. A televisão é a maior Ágora dos cidadãos brasileiros. Se o tema foi posto em debate, todos como bons cidadãos, deveriam participar e realizar discussões, bem como se reunir para criticar e manifestar. Em sua ampla definição, a Ágora mais poderosa do Brasil deveria ser usada como um instrumento de mudanças. Entretanto o debate proposto pelos veículos é superficial, em razão do pouco interesse de grande parte da população. Muitas pessoas, inclusive, sequer estão informadas sobre o acontecimento, no entanto, se forem questionadas a respeito da última revista “Caras”, muitas saberão responder facilmente. Este tipo de alienação é extremamente conveniente para a mídia, de tal forma que a livra do compromisso de divulgar maiores informações e denunciar o caso. Cabe à população trazer o tema para o espaço público, para que então ele deva ser aprofundado nos meios midiáticos. Afinal quem sustenta essa grande “praça virtual” são seus telespectadores, os cidadãos brasileiros.

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