sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Preparem os lencinhos!

Mesmo no limite do piegas filme irlandês é emocionante

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Dirigido por Anand Tucker, o filme irlandês Quando você viu seu pai pela última vez? (When did last see your father?) traz uma história emocionante e ao mesmo tempo bastante comum, fazendo com que, com certeza, muitos dos que o assistiram se sentissem em algum momento familiarizados com história. O filme por pouco não alcança o clichê. Mesmo assim, embora também não haja um final surpreendente, consegue prender a atenção e amolecer alguns “coraçõezinhos”.

O enredo principal é a difícil relação entre um filho e seu pai, que ao ficar doente traz a tona todo o passado dos dois. Arthur Morrison (Jim Broadbent) é um médico bem sucedido e aparenta se sentir feliz com sua família. Sempre bem humorado, fazendo piadas e levando tudo na brincadeira ele faz o tipo “malandro”. Seu filho mais velho Blake (Colin Firth), desde criança apresentava um temperamento totalmente oposto ao do pai. Sempre sério e entretido em seus livros odiava as brincadeiras do pai que muitas vezes, a seu ver, o humilhavam e estragavam seus dias com a família. O comportamento irresponsável e mulherengo do pai também fazia com que ele tomasse as dores de sua mãe Kim (Juliet Stevenson), traída pelo marido com sua própria irmã. Como uma típica mulher submissa ela agüentava as traições calada. Gillian (Claire Skinner), a irmã mais nova de Blake, assume um papel totalmente coadjuvante, praticamente apenas com o intuito de enfeitar o filme. Quando a família descobre que Arthur está com uma doença terminal, o filho mais velho, já em sua meia idade, passa a relembrar todos os seus momentos bons e ruins ao lado do pai e se sente obrigado a perdoá-lo e enfrentar as feridas do passado. O longa traz uma excelente cronologia, ora mostrando o triste presente vivido pela família que aguarda os últimos dias da doença de Arthur, ora mostrando as lembranças de Blake, desde sua mais remota infância até sua adolescência ao lado do pai.

Apesar das emoções, o filme não chega ao alto nível do melodramático e, nesse sentido, consegue ser original. A forma como os personagens expressam seus sentimentos é muito contida, exigindo assim, grande esforço dos atores, os quais cumpriram muito bem a proposta. Com destaque especial para Broadbent, com sua excelente representação da figura paterna, fazendo o público amá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo. As cenas e os cortes são extremamente lentos, como uma espécie de slow motion que faz com que quem assista consiga sentir o drama e o clima mórbido em que vive a família. O filme, baseado no romance de Blake Morrison, está sendo exibido durante a 32ª Mostra Internacional de Cinema ao lado de filmes de diversos países. Com seus 92 minutos de duração, apesar de um pouco parado, não é cansativo e consegue arrancar lágrimas até dos mais “durões”. Preparem os lencinhos!