segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Baile de Máscaras no STF


Assunto repetido, mas nem por isso menos importante. Passados cinco meses desde que começou toda a confusão a pauta ainda está quente. Na verdade está pegando fogo, eu diria. Durante essa série de acontecimentos iniciada no início de julho com a revelação da operação Satiagraha, diversas pessoas estão sendo desmascaradas. Resolvi fazer um pequeno apanhado das últimas notícias e das últimas “desmascarações” até então. Dentre elas não poderia deixar de estar o “exemplo-de-honestidade-em-pessoa”, Gilmar Mendes – porém desta vez não só ele como toda sua família – que agem como coronéis em Diamantino, cidade natal de Mendes. A juíza Adriana Pileggi Soveral surgiu como nova personagem da trama. Foi ela a responsável por passar detalhes sobre a operação Satiagraha para o advogado de Daniel Dantas, Nélio Machado. A juíza já havia sido investigada pela operação Anaconda em 2004. Provavelmente os “podres” da juíza e de Mendes passarão despercebidos, pois mais uma vez a turminha de Dantas conseguiu desviar o foco dos problemas. A maior preocupação agora é descobrir as supostas falhas e excessos da operação de Protógenes. Uma outra pessoa que entrou para a história foi Amaro Ferreira, o delegado da PF responsável por investigar Protógenes pelos vazamentos. Um trecho retirado da Carta Capital reproduz bem sua competência: “O delegado Amaro Ferreira, que investiga o colega Protógenes Queiroz por vazamento à imprensa, tornou-se, ele próprio, uma fonte costumaz de vazamentos à mídia”. E nos perguntamos: Quem vai investigar o vazamento do vazamento?!?!

Para completar, foi divulgada a gravação da reunião entre membros da PF e Protógenes, que culminou em seu afastamento. O trecho revelado, no entanto, consta de apenas 4 minutos, que distorcem a conversa de cerca de 2 horas e 55 minutos. Além disso, não podemos esquecer, é claro, da lamentável invasão da PF à residência de Protógenes e alguns de seus parentes para levar seus computadores e pertences para supostas “investigações”. Enquanto isso, pelo menos, Dantas será julgado pelo íntegro juiz Fausto De Sanctis e está sendo acusado de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta, evasão de dividas, formação de quadrilha e corrupção ativa. Que feio, hein!

O futuro de São Paulo

Secretário do planejamento do ex-prefeito Celso Pitta? Construiu as escolas de lata junto com ele? Roubou junto com ele? Quando a cidade de São Paulo inteira já estava sabendo da roubalheira de Pitta, ele começou uma campanha para defendê-lo? Apoiou o Maluf em 1998? Prometeu cinco linhas de ônibus e não fez? Fechou 58 mil vagas nas escolas municipais? Construiu metade do número de Céus que havia prometido, diminuiu o terreno deles e conseguiu gastar ainda mais dinheiro? Pedágio Urbano? Vetou a proposta do curso profissionalizante nos Céus e agora propõe a mesma coisa? Acabou com a Secretaria Municipal de Segurança Urbana? Protestar é ser vagabundo? Pratica nepotismo? Faz parte de um partido que um dia apoiou a ditadura militar? Esses são apenas alguns exemplos da trajetória do nosso atual e futuro prefeito.

Caráter bastante duvidoso não? Mesmo assim Gilberto Kassab foi eleito novamente. É de acabar com as esperanças de qualquer um. Mas o que é mais decepcionante e frustrante não é sua reeleição propriamente dita, mas sim o povo que votou nele. O Brasil, assim como a maioria, é um dos países onde os pobres votam em um candidato de direita, elitista e conservador. É uma atitude bastante paradoxal e incompreensível. Só nos resta questionar: Será que é bom não ter um sistema de saúde decente? Uma educação digna? Ou será que as pessoas gostam de votar em alguém assim para poder ter o que reclamar depois? Vai entender o gosto das pessoas né…

Enquanto isso...


A vitória de Barack Obama já está clara. Diversos jornais já publicaram em suas manchetes quem será o futuro presidente, como fez a Folha de S. Paulo, por exemplo. Até mesmo o discurso de vitória já foi feito por Obama e, diga-se de passagem, foi emocionante. O acontecimento representa não só um marco na história política dos Estados Unidos, que terá seu primeiro presidente negro, mas também uma cisão do preconceito mundial. Pessoas de todo o mundo torceram arduamente pelo candidato, fazendo campanhas e depositando todas as suas esperanças nele. Principalmente algumas populações negras de países africanos, que já contam com uma elevação em sua auto-estima. Portanto, não estamos falando apenas de uma evolução na mentalidade dos norte-americanos, mas sim em uma revolução mundial. Obama terá uma enorme responsabilidade nas costas. De qualquer forma ele, com certeza, fará um governo muito melhor do que aquele…como é o nome? Ah, é…Bush!

Falando nisso, enquanto todo o mundo se concentra nas eleições, todos se esqueceram do ainda atual presidente. O que será do pobre Bush? Na verdade, provavelmente ninguém quer saber; tanto faz, contanto que suma da face da Terra – e não faltará gente para tentar colocar isso em prática. O que o povo americano parece querer é esquecer da vergonha que passaram durante oito anos e tentar se redimir agora reelegendo Obama que, convenhamos, é uma baita redenção. É claro que ainda há os que reelegeram Bush e ainda não se tocaram do erro e por isso votaram no McCain. Mas isso não importa, pois a eleição já está ganha. Enquanto isso faltam 76 dias para que Bush tenha que prestar as contas. O site do Uol já até publicou uma retrospectiva dos “gloriosos” anos do seu governo. Fico imaginando como será estranho para ele ter que fazer as malas e se despedir da Casa Branca, lugar onde foi criado quando seu papaizinho era presidente e onde viveu durante esses últimos oito anos. Bom, independente do lugar para onde for, ele terá que viver para o resto da vida cercado de seguranças, pois, afinal, as pessoas guardam rancor né?

Daniel Dantas deve estar morrendo de rir!

O Brasil a partir do primeiro semestre foi palco de um dos maiores shows de comédia mundial. É claro que o roteiro e os bastidores já estavam em ação há muito tempo. Estamos falando de anos. No início de julho Daniel Dantas e sua turminha foram “descobertos” graças à famosa operação Satiagraha, que representou o grande clímax da série de investigações contra os criminosos de colarinho branco. Parecia uma revolução na história de um país que desde seu descobrimento herdou o incrível dom de fazer armações e corrupções como ninguém. O Brasil não é só campeão no futebol!

A luta de Paulo Lacerda e Protógenes Queiroz, que lideraram a operação Satiagraha foi por água abaixo. E os cidadãos brasileiros, sempre com o sorriso no rosto, assistiram ao espetáculo de braços cruzados na platéia.

Paulo Lacerda que já havia sido afastado da Polícia Federal foi licenciado da Abin, devido a uma estranha matéria – também pode ser chamada de golpe – publicada na revista Veja. O fato parecia tão óbvio, porém ninguém sequer pensou na possibilidade de uma armação da revista, aliada de Dantas. Protógenes também foi afastado da Polícia Federal. E o assunto principal que era nosso querido Daniel Dantas se desviou sem hesitações para a CPI dos grampos e a discussão sobre o uso das algemas.

Para completar a palhaçada o ministro da Defesa Nelson Jobim, resolveu entrar de gaiato na história sem motivo aparente. O que importa é que seu papel em cena é o de um personagem praticamente perdido, que não se decide em suas próprias idéias. Jobim resolveu acusar a Abin de usar grampos na operação, quando constitucionalmente não poderia faze-lo. Por conta disso abriu-se um inquérito para investigar se o serviço secreto possuía de fato equipamentos para realizar este tipo de operação. No entanto ontem na CPI dos Grampos o ministro voltou atrás com a acusação. Será porque já conseguiu afastar Paulo Lacerda? De qualquer modo, parece-me absurdo uma polícia secreta que, por lei, é proibida de fazer escutas. Mas longe de mim duvidar da eficácia das leis! Ainda mais com um exemplo que temos de pessoa íntegra como Gilmar Mendes ocupando o cargo de presidente do STF.

Mas não é só isso, o assunto volta novamente para Daniel Dantas, que há algum tempo contratou a Kroll (empresa de espionagem privada) para investigar até o governo federal. O próprio banqueiro possui equipamentos de escuta. Mas é claro, ele pode, a Abin não! Estranhamente ninguém lembra e nada aconteceu com ele. O fato é tão estranho como quando Mendes se prontificou a trabalhar noite e dia para liberar o hábeas corpus a Dantas. Quanta competência Sr. Mendes!

A oportunidade de mudança de que o país dispôs está indo embora. Nosso querido Dantas mais uma vez conseguiu comprar todos a sua volta e os grandes heróis da história estão sendo criticados por todos, inclusive pela mídia hegemônica.

Resta-nos esperar o resultado de um dos únicos juízes decentes que agora tem sobre seus ombros a enorme responsabilidade de julgar o processo contra Dantas. Mesmo assim devemos agradecer a existência de pessoas como Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif e Mino Carta que contribuem para que haja uma esperança de integridade na imprensa brasileira. Bem como Protógenes Queiroz na Polícia Federal, Paulo Lacerda e o procurador federal Rodrigo de Grandis.

Estágio pra quê?

A época dos vestibulares passou. Os trotes já foram dados. Todo o “ritual” que os novos estudantes obedecem depois de ingressar em uma faculdade já foi realizado. No entanto, agora chegou o momento que realmente interessa: o início das aulas marca uma grande transformação na vida dos calouros. É um momento de transição para a vida adulta. Tudo aquilo que parecia estar longe da sua realidade vem à tona, deixando muitas dúvidas, inseguranças, excitações e ansiedades.

Pode-se dizer que a universidade é um meio para o amadurecimento. Para alguns, ele é precoce; para outros, tardio. O importante é que não deixem de aproveitar todas as oportunidades oferecidas ao universitário. Dentre elas a principal é, sem dúvida, o estágio. Para o estudante que ainda não se decidiu entre fazer ou não fazer um estágio, aí vai uma dica: faça. A importância é muito maior do que se pensa.

Para muitos o estágio é visto principalmente ou apenas como um trabalho remunerado que se faz enquanto estudante por ainda não ter permissão para trabalhar no mercado de trabalho efetivamente. O estágio deve ser visto, em primeiro lugar, como uma experiência, cujo objetivo é introduzir o estudante na sua área de trabalho, de modo a garantir um primeiro contato com um mundo que lhe é totalmente novo e, conseqüentemente, prepará-lo para sua vida profissional, desenvolvendo habilidades, hábitos e atitudes. O princípio se baseia em conciliar a teoria da faculdade com a prévia experiência do estágio no mercado, para que futuramente isso venha favorecer sua vida profissional. Além dessas vantagens o estágio conta como um importante fator no currículo do estudante. Mesmo para os que cursam as melhores universidades não se deve apenas aproveitar as matérias da grade curricular, mas, sim, garantir a experiência necessária para a carreira. Para estas universidades a oportunidade é ainda maior, pois a procura das empresas por estudantes qualificados é maior. Como disse o supervisor da Coordenadoria Geral de Estágios da PUC-SP, Rodolfo Martins, “é preciso ultrapassar os muros da universidade para se ter um maior sucesso profissional”.

Aos estudantes que têm interesse em estagiar o procedimento inicial é simples. O candidato deve se cadastrar em alguma agência de estágios e esperar para que logo apareça alguma vaga que seja compatível com a sua área profissional. Se a vaga for do seu interesse, ele deve marcar uma entrevista na empresa e se preocupar em preencher os requisitos necessários à sua profissão. Existem diversas agências de estágio, dentre elas o Instituto Proe, o CIEE, a Fundap, a Fundação Mudes, a Cia. de Talentos, entre outras. Quanto maior o número de agências em que o universitário se inscrever, maior a chance de conseguir um bom estágio, o qual deve ser regulamentado pela universidade. Cada uma possui um setor específico para autorizar e regulamentar o estágio de cada aluno, conforme lei decretada em 1977 e cuja finalidade é proteger o estudante da exploração de sua mão-de-obra, impedindo que as empresas utilizem o seu trabalho sem a caracterização de estágio e sem o competente registro.

Como já provado o estágio tem, efetivamente, uma enorme importância em qualquer que seja a carreira. Entretanto é preciso saber o momento certo para ingressar nessa atividade. A indicação de professores e funcionários das agências é a de que o estudante comece a trabalhar somente no segundo ou terceiro ano de curso, mesmo que o aluno já se sinta preparado logo no primeiro ano. A explicação é de que o aluno precisa aproveitar ao máximo as aulas do curso e garantir um conhecimento teórico prévio, isto é, uma formação mais sólida para, enfim, estar de fato preparado para encarar a prática.

Além da experiência, os estágios em sua maioria oferecem bons salários, com exceção da área de saúde, cujos estagiários geralmente não são pagos. Porém na área de jornalismo, por exemplo, a média do salário está entre 700 e mil reais. Já nas áreas de administração e direito o salário ainda sobe um pouco mais variando entre 1.100 e 1.400 reais dependendo da empresa. Apesar do bom salário e da garantia de um bom currículo profissional, o estágio na área de jornalismo é um dos menos procurados pelos estudantes e a procura das empresas é alta. Na PUC, por exemplo, há 144 estudantes de jornalismo estagiando no momento. No entanto a demanda do mercado é ainda maior, os estudantes têm a chance de escolher o estágio que mais lhes agrada e o que for mais bem remunerado. Com isso os salários tendem a aumentar nessa área.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Preparem os lencinhos!

Mesmo no limite do piegas filme irlandês é emocionante

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Dirigido por Anand Tucker, o filme irlandês Quando você viu seu pai pela última vez? (When did last see your father?) traz uma história emocionante e ao mesmo tempo bastante comum, fazendo com que, com certeza, muitos dos que o assistiram se sentissem em algum momento familiarizados com história. O filme por pouco não alcança o clichê. Mesmo assim, embora também não haja um final surpreendente, consegue prender a atenção e amolecer alguns “coraçõezinhos”.

O enredo principal é a difícil relação entre um filho e seu pai, que ao ficar doente traz a tona todo o passado dos dois. Arthur Morrison (Jim Broadbent) é um médico bem sucedido e aparenta se sentir feliz com sua família. Sempre bem humorado, fazendo piadas e levando tudo na brincadeira ele faz o tipo “malandro”. Seu filho mais velho Blake (Colin Firth), desde criança apresentava um temperamento totalmente oposto ao do pai. Sempre sério e entretido em seus livros odiava as brincadeiras do pai que muitas vezes, a seu ver, o humilhavam e estragavam seus dias com a família. O comportamento irresponsável e mulherengo do pai também fazia com que ele tomasse as dores de sua mãe Kim (Juliet Stevenson), traída pelo marido com sua própria irmã. Como uma típica mulher submissa ela agüentava as traições calada. Gillian (Claire Skinner), a irmã mais nova de Blake, assume um papel totalmente coadjuvante, praticamente apenas com o intuito de enfeitar o filme. Quando a família descobre que Arthur está com uma doença terminal, o filho mais velho, já em sua meia idade, passa a relembrar todos os seus momentos bons e ruins ao lado do pai e se sente obrigado a perdoá-lo e enfrentar as feridas do passado. O longa traz uma excelente cronologia, ora mostrando o triste presente vivido pela família que aguarda os últimos dias da doença de Arthur, ora mostrando as lembranças de Blake, desde sua mais remota infância até sua adolescência ao lado do pai.

Apesar das emoções, o filme não chega ao alto nível do melodramático e, nesse sentido, consegue ser original. A forma como os personagens expressam seus sentimentos é muito contida, exigindo assim, grande esforço dos atores, os quais cumpriram muito bem a proposta. Com destaque especial para Broadbent, com sua excelente representação da figura paterna, fazendo o público amá-lo e odiá-lo ao mesmo tempo. As cenas e os cortes são extremamente lentos, como uma espécie de slow motion que faz com que quem assista consiga sentir o drama e o clima mórbido em que vive a família. O filme, baseado no romance de Blake Morrison, está sendo exibido durante a 32ª Mostra Internacional de Cinema ao lado de filmes de diversos países. Com seus 92 minutos de duração, apesar de um pouco parado, não é cansativo e consegue arrancar lágrimas até dos mais “durões”. Preparem os lencinhos!